26 de março de 2010

Cães de Aluguel (1992)

Desde os primeiros minutos de Cães de Aluguel podemos sentir que estamos diante de um tipo diferente de “filme de assalto à banco”.

A cena inicial figura uma camera que circula infinitamente por uma mesa redonda de um café barato enquanto os comensais tomam café, acendem seus cigarros, discutem, fazem piada e falam besteira. Um deles levanta a discussão sobre as músicas da Madonna, um velho com cara de durão diz com conhecimento de causa que gostava dela até “Borderline”. O estilo e dialógos beiram a perfeição e o espectador é imediatamente transportado para aquele café, querendo saber tudo aquelas pessoas com sacadas tão geniais e como terminaram nas suas vidas de crime.

Segue-se os créditos iniciais com os personagens saindo do tal café em direção à seus carros. Nessa pequena caminhada de não mais que 20 metros closes em slows motion nos entregam ainda mais sobre personalidade e contexto daqueles personagens: o seguro Mr.Blonde (Michael Madsen), o experiente Mr.White (Harvey Keitel), o apreensivo Mr.Orange (Tim Roth) e assim por diante. É incrível que em seu primeiro filme Tarantino tenha reunido um dos melhores elencos imagináveis, com todos realizando ali uma de suas melhores performances de suas carreiras.

A história sobre o assalto à uma joalheria que dá terrivelmente errado é contada inteiramente sem qualquer cena do assalto em si. Dessa forma, somos dispostos às peças de um quebra-cabeça tão grande que nem os próprios envolvidos no assalto conseguem chegar a qualquer conclusão cada um apresentando sua versão e chegando aos poucos e separadamente ao esconderijo. Acreditamos, como eles próprios, que pode muito bem ser qualquer um, ou mesmo nenhum.

Junta-se à narrativa flashbacks bem encaixados sobre os personagem que conseguem nunca incomodar ou interromper a ação. Em determinado momento um dos capítulos nos revela a identidade do traidor do bando, mas nesse ponto isso adiciona ainda mais tensão à história ao invés de eliminar ou diminuí-la.

Com o enredo caminhando confiante e a passos largos rumo ao seu final nos vemos, embora em meio à uma tragédia shakespeareana, Tarantino eleva a tensão à níveis cômicos para logo depois nos derrubar mais uma vez com seus disparos finais.

Reservoir Dogs (1992), dir.Quentin Tarantino

1 Comentários:

Blogger Fabio Rocha disse...

A níveis cômicos - sem crase

seguem-se os créditos

1:05 PM  

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial