26 de março de 2010

O Livro de Eli (2010)

Árido em cores, mas fecundo em esperança O Livro de Eli se desenrola como uma jornada western, com Denzel Washington no lugar de Clint Eastwood e o devastado futuro pós-apocaliptico no papel de Velho Oeste.

Nesse futuro sem lei onde sobrevivência é luxo e todas as necessidades se baseam em ter água pra beber e onde os predadores dos humanos são os próprios humanos, Eli (Denzel) segue inabalável em seu caminho de fé rumo ao oeste, não se deixando vencer por obstáculos mas não hesitando em decepar mãos ou atravessar jugulares quando necessário.

A direção de arte é impecável com tons sempre desaturados em alguns momentos beirando o preto e branco. Como quando Eli caminha no deserto que se tornou os Estados Unidos planos muito abertos mostram a desolação do lugar e quando encontra um grupo de marginais sob a sombra de um viaduto a luta se dá num interessante plano sem cortes em que vemos apenas as silhuetas se degladiando.

O filme insiste em manter segredo sobre o livro do título por quase 1 hora embora o espectador já tenha desvendado muito antes, alia-se a isso essa meta meio vazia e de propósito desconhecido mesmo pelo protagonista e fica difícil para o filme nos convencer a embarcar na aventura, mas o espectador, homem de fé que só, acompanha tudo com a esperança de que será recompensado ao final e quando uma série rápida revelações simultâneas dão ao filme a surpresa e o efeito WTF que estavamos esperando, você quase tem a justificativa das suas duas horas.

The Book Of Eli (2010), dir. Albert & Allen Hughes

Cães de Aluguel (1992)

Desde os primeiros minutos de Cães de Aluguel podemos sentir que estamos diante de um tipo diferente de “filme de assalto à banco”.

A cena inicial figura uma camera que circula infinitamente por uma mesa redonda de um café barato enquanto os comensais tomam café, acendem seus cigarros, discutem, fazem piada e falam besteira. Um deles levanta a discussão sobre as músicas da Madonna, um velho com cara de durão diz com conhecimento de causa que gostava dela até “Borderline”. O estilo e dialógos beiram a perfeição e o espectador é imediatamente transportado para aquele café, querendo saber tudo aquelas pessoas com sacadas tão geniais e como terminaram nas suas vidas de crime.

Segue-se os créditos iniciais com os personagens saindo do tal café em direção à seus carros. Nessa pequena caminhada de não mais que 20 metros closes em slows motion nos entregam ainda mais sobre personalidade e contexto daqueles personagens: o seguro Mr.Blonde (Michael Madsen), o experiente Mr.White (Harvey Keitel), o apreensivo Mr.Orange (Tim Roth) e assim por diante. É incrível que em seu primeiro filme Tarantino tenha reunido um dos melhores elencos imagináveis, com todos realizando ali uma de suas melhores performances de suas carreiras.

A história sobre o assalto à uma joalheria que dá terrivelmente errado é contada inteiramente sem qualquer cena do assalto em si. Dessa forma, somos dispostos às peças de um quebra-cabeça tão grande que nem os próprios envolvidos no assalto conseguem chegar a qualquer conclusão cada um apresentando sua versão e chegando aos poucos e separadamente ao esconderijo. Acreditamos, como eles próprios, que pode muito bem ser qualquer um, ou mesmo nenhum.

Junta-se à narrativa flashbacks bem encaixados sobre os personagem que conseguem nunca incomodar ou interromper a ação. Em determinado momento um dos capítulos nos revela a identidade do traidor do bando, mas nesse ponto isso adiciona ainda mais tensão à história ao invés de eliminar ou diminuí-la.

Com o enredo caminhando confiante e a passos largos rumo ao seu final nos vemos, embora em meio à uma tragédia shakespeareana, Tarantino eleva a tensão à níveis cômicos para logo depois nos derrubar mais uma vez com seus disparos finais.

Reservoir Dogs (1992), dir.Quentin Tarantino

31 de dezembro de 2008

Feliz 2O.O9



Aproveitem, último par!
Você já se deu conta de que esse é último reveillon de suas vidas em que será permitido usar os incríveis óculos de ano novo?
Os óculos com dois zeros são tradição de reveillon, da tia bêbada ao playboy engraçadinho eles estão sempre entre nós e mesmo que morra de vergonha, se você revirar os recônditos dos seus armários provavelmente vai achar um ou dois pares. Ao contrário de todas as outras queridas tradições de ano novo esta morrerá amanhã.

Por que meu deus, por que?
Por que não matar a tradição das sete ondinhas, a de comer lentilhas puras e mal cozinhadas, a de guardar pedaços de frutas e plantas mortos na carteira, a de jogar papel picado pela janela, entupindo ralos em plena época de chuvas. Por que não acabar com a tradição de sujar as praias e águas com plantas, flores, velas, garrafas, galinhas e barcos de oferenda que depois de 2 minutos na água viram ameaçadores pedaços de madeira com pregos enferrujados pra todos os lados e tantas outras besteiras tradicionais. Nãaaaao... quem tem que morrer são eles, os óculos.

Eu estava lá!
Você já imaginou as implicações disso para o resto de sua vida?
Mesmo que você não se dê conta agora, usá-los uma única vez será para sempre um marco na sua vida. Como quando você perguntou "Pai, você viu o homem pousar na lua ao vivo na tv?", ou "Mãe, você comprou um disco recém lançado dos Beatles e do Elvis?" ou ainda "Tia, você viu Noviça Rebelde no cinema?". Seus filhos por sua vez lhe perguntarão "Você usou óculos com dois zeros no lugar dos olhos?" ao que você dará um risinho saudoso e nostálgico, sentirá o peso da idade e responderá de forma falsamente orgulhosa que sim, você um dia ostentou aqueles dois grandes zeros nos olhos e mentirá dizendo que era o máximo, começará a frase seguinte dizendo que "você, meu filho, tinha que ver, aquilo sim é que era reveillon... essa geração não pode nem imaginar o que é usar um óculos com dois zeros na cara, vocês não sabem o que é isso, hoje em dia as pessoas ..." e continuará um extenso e insuportável sermão que fará seu filho se arrepender pra sempre de ter iniciado o assunto.

Portanto, meus caros, aproveitem a noite, eat drink and be merry, pois depois de amanhã, só em 2999.

8 de dezembro de 2008

28 anos sem

6 de dezembro de 2008



De uma verdade tão absoluta e incomum pra música pop que não admira chamarem-na de E.T. e esquisitinha.

4 de dezembro de 2008

Walt Disney comendo um galetinho em Copa


Life. 1941. Foto de Hart Preston.

27 de novembro de 2008

Memento mori

Esse draft estava pendurado há quase um ano esperando refinamentos para ser publicado, eles não vieram mas como já passou da hora, com vcs... um post.

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Ontem foi noite de Heroes, parece bem nerd dizendo assim, mas na verdade é mais nerd ainda. Todo mundo se junta pra ver um episódio de um seriado sobre super heróis, comer pizza e jogar videogame, a série está se aproximando do fim o que torna cada evento mais importante, as pessoas se apegam à oportunidade semanal de reencontrar os amigos e ter um good time melhor quando há a perspectiva de não haver mais.

O que nos leva à discussão-do-café do dia, aparentemente segundo o calendário maia o mundo vai acabar em 2012. Os maias acertaram muito em muitas coisas e seu calendário já previu uma série de marcos astronômicos importantes. Pois em setembro de 2012 o evento previsto é de tamanha magnitude que o calendário Maia simplesmente não passa dessa data. O calendário acaba. É difícil de conceber pra nós e nossas datas, mas seria como se escrever "5 de novembro de 2032" fosse errado, simplesmente porque essa data não existe.

E então o que seria do mundo se o mundo fosse acabar em setembro de 2012?


Qual a perspectiva das coisas?

Seu amanhã seria da mesma forma se você soubesse que sua vida será abreviada com data marcada?

É mais difícil ou mais fácil viver contando os dias?
Algumas pessoas acham impossível e prefeririam não saber e etc. Acho que seria a coisa mais fácil e desejável do mundo, pra começo de conversa você não perderia mais seu tempo com coisas que não lhe satisfazem ou que representam um benefício longínquo.

Como o porquê de entrar numa faculdade de 4 anos se você tem 1 ano de vida. É impossível não se arrepender daquele tempo que você vai passar investindo numa carreira e num curso que nunca vão existir, que nunca vão se consolidar.

Por que trabalhar de 9 às 6 numa coisa que você odeia, ficar rindo simpaticamente pra tudo que é filhadaputa, voltar pra casa exausto, cair na cama, e acordar 7h pra repetir tudo de novo? Se você tem mais 1, 2 ou mesmo 5 anos de vida, isso faz algum sentido?


Sério. Pra que estamos aqui?

Alguém se propõe como missão de vida vir ao mundo servir cafezinho ou vender bala no sinal?

As missões de vida são sempre coisas nobres ou coisas idiotas mal disfarçadas de coisas nobres. Acabar com a fome na África, lutar pela democracia, liberdade, educação e direitos dos menos favorecidos ou tornar o mundo um lugar mais bonito, mas francamente, se o mundo acaba em 5 anos até mesmo essas coisas perdem o sentido.

Por que você investiria na sustentabilidade, criação de empregos, fundação de escolas de ponta com bibliotecas supimpas e acesso à internet banda larga gratuito nas savanas da Etiópia ou qualquer outro bullshit desses se o mundo acaba em 5 anos? Vai levar 2 anos pra redigir projetos, captar recursos, estudar viabilidade, vencer toda a burocracia, mais 2 pra erguer os prédios e botar a porra toda pra funcionar. Se a formação básica de 1° grau levar 4 anos, o mundo vai ter acabado a 3 quando o primeiro etíope se formar no seu sensacional projeto de responsabilidade social.

Se o mundo fosse acabar em 5 anos, todo dia seria noite de Heroes e toda semana seria um feriadão prolongado.

23 de outubro de 2008

não é irônico?

Enquanto aqui o TSE proíbe uso de celulares, máquinas fotográficas e filmadoras na cabine de votação, lá nos EUA eles celebram convidando as pessoas a fazer justamente o contrário!

e ambas ações em nome do mesmo ideal de defesa e enaltecimento da democracia! :-)

9 de outubro de 2008


2 de outubro de 2008

Há esperança

Gabeira Prefeito 43

Sempre votei nele, mas pela chance real de um segundo turno sem Crivella faço até campanha.



Eduardo Paes (PMDB - 29%),
Marcelo Crivella (PRB - 19%),
Fernando Gabeira (PV - 17%),
Jandira Feghalli (PCdoB - 12%)

Que meus 3 leitores votem com consciência.

fonte: datafolha