18 de janeiro de 2007

O Homem que conhecia as mulheres

Nem só de livros bons vive o homem. Me fiz ler esse livro basicamente porque título é muito bom, e eu nunca tinha lido o autor. Mas ao contrário da boa surpresa com o livro da semana passada o novo de Marcelo Rubens Paiva é muito abaixo do que se espera.

O primeiro terço é uma insuportável desfiação de lugares comuns. Uma seqüência interminável de contos curtíssimos que apenas apresentam clichês de personagens femininos sem as desenvolver nem levar a lugar nenhum. É quase como sair clicando a esmo por perfis do orkut. O resto do livro tem contos um pouco mais interessantes, sempre em torno do tema do título, mas a impressão final é ruim.

Se "O Homem que conhecia as mulheres" fosse um livro de estréia de um blogueiro mediano já seria uma decepção. De um homem que já teve algumas vezes o adjetivo "genial" aplicado antes de seu nome acho me cabe dar uma segunda chance, ler seu livro ícone da minha geração, e acreditar que nem só de livros bons vive um escritor.

11 de janeiro de 2007

Feras de lugar nenhum

"A estrada é muito longa, mas às vezes é bom olhar pra ela. Gosto do jeito que ela sobe e desce como se fosse um animal, como se move junto com a terra que faz ela. Quando a gente olha para a estrada ao sol, então a gente vê como ela é grande e como todas as árvores respeitam ela e tentam não nascer nela. Só pequenas coisas não respeitam a estrada, as plantas pequenas e às vezes os pequenos animais aqui e ali que são atropelados por um carro e ficam lá por um bom tempo. Estou com medo porque não tem nada na estrada, só a gente e essas pequenas plantas que não respeitam a estrada, e já que elas não respeitam a estrada, a estrada está matando elas, e como nós não estamos respeitando a estrada e vamos ao banheiro nela e cuspimos nela, estou com medo de que ela mate a gente logo também."
Feras de Lugar Nenhum - Uzodinma Iweala

Primeiro livro do nigeriano Iweala, "Feras de lugar nenhum" ganhou uma cacetada de prêmios de revelação e ótimos reviews em publicações internacionais. Tem uma narrativa que às vezes lembra o também ótimo Estranho caso do cachorro morto. Em primeira pessoa, pelo ponto de vista do jovem Agu que conta tudo sempre num presente infinito, sejam lembranças do passado ou planos pro futuro.

Agu é uma criança recrutada soldado de uma milícia num lugar não identificado da África. Que viu a morte de seus parentes e toda a sorte de atrocidades e agora está envolvida numa guerra sem fim, que não consegue entender. Agu, aliás, não entende muita coisa do horror em que vive, mas quer que a guerra acabe logo para que possa estudar e ser engenheiro ou médico, ganhar muito dinheiro e ser bem gordo.

4 de janeiro de 2007

Resoluções de ano novo

1. Não fazer resoluções de ano novo.